As queimadas que atingem São Paulo estão prestes a provocar um impacto econômico significativo, elevando o custo de vida dos brasileiros. Além dos danos ao meio ambiente, o desequilíbrio ambiental causado pelo fogo e pela seca ameaça a produção agrícola, o que poderá resultar em preços mais altos para itens essenciais da cesta básica, como arroz, feijão, soja e açúcar.
Maurício Bento, economista, destaca que essa é a segunda grande tragédia ambiental em 2024 com consequências econômicas sérias. Após as enchentes no Rio Grande do Sul, que afetaram a produção de arroz, as queimadas em São Paulo agora colocam em risco a produção agropecuária do estado, uma das maiores potências econômicas do Brasil. "As queimadas não só destroem as plantações, mas também agravam a seca, o que aumenta os custos de produção e, por consequência, os preços dos alimentos", explica Bento.
A cana-de-açúcar é uma das culturas mais prejudicadas. José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana, estima que cerca de 59 mil hectares de canaviais foram queimados, gerando um prejuízo de R$ 350 milhões. “Estamos vendo uma redução na produtividade, com impacto direto nos preços do etanol e do açúcar. Isso também afetará a próxima safra”, ressalta Nogueira.
O impacto nos preços dos alimentos é particularmente preocupante para as famílias de baixa renda. Bento enfatiza que, quanto menor a renda, maior é a parcela do orçamento destinada à alimentação. "A produção afetada pela seca e queimadas pode aumentar o custo de vida, pesando mais no bolso das famílias mais pobres", afirma o economista.
O empresário Gustavo Defendi, que atua no comércio de cestas básicas, já percebe uma redução na programação de compras das indústrias, que se preparam para possíveis problemas de abastecimento. "Se não conseguirmos controlar esse desequilíbrio ambiental, a oferta de alimentos pode ser severamente comprometida, gerando um aumento expressivo nos preços", adverte Defendi.
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